No livro chamado Maravilhas do Mundo (ed. 1933), R Halliburton escreveu que “... a Grande Muralha (GM) é a única obra do homem que pode ser vista do espaço”
Em 1972, o astronauta G. Cernan, após regressar da missão Apolo
17 confirmou que quando em órbita, a 320 kms da Terra, tinha divisado a GM.
Em 2003 o astronauta chinês Yang Liwei, que deu 10 voltas à Terra
na Shenzhou 5 disse que apesar de se ter esforçado não tinha avistado a muralha.
Desfez-se o mito; ainda que o observador esteja em voo orbital o mais baixo admissível,
não há construção humana, que seja de facto visível a olho nu.
Cerca de um anos depois, ou seja em 2004, a Keyhole
(curiosamente uma empresa criada pela CIA), vendeu à Google um programa chamado
EarthViewer 3D.
Bem hajam pelo acordo de negócio; hoje, dispomos de um
software magnifico … o –google Earth
Tinha-me há tempos ocorrido que observar do espaço os outros
espaços terrenos africanos em que estivemos confinados durante 27 meses,
poderia constituir motivo para alguma reflexão ou comentário que no presente
estimulasse memósria antigas que todos
mais ou menos partilhamos.
Por isso, accionei o Google Earth e marquei o destino: Lucusse
É um espanto este programa, já estou de saída do voo orbital
virtual e mergulho no interior de Angola.
O rigor da navegação facilita a captação de registos da
imagem do solo.
No que, o primeiro temos o Lucusse quase centrado e três
vias (em tom amarelo) radiais; para a esquerda alta, segue para o Luso, a da direita
alta, para o Lunhamege e para sul a que dá acesso ao Lungué-Bungo.
No segundo registo, a partir de uma posição a menor
altitude, são ainda perfeitamente identificáveis as vias radiais acima referidas.
Recorri a uma ferramenta do Google Earth que permite delimitar
uma qualquer zona do solo; no caso parece-me que estão correctamente identificados
o campo de futebol (pelado) e o espaço que terá sido ocupado pelas instalações
militares.
Se a memória não me falha, próximo do canto NW do
aquartelamento, situava-se uma passagem de peão que dava acesso ao campo da
Tecnil.
A partir do ponto em que estaria esta passagem de peão, foi
marcada no registo de observação seguinte, uma linha sinuosa com que procuro
representar um eventual trilho de pé posto. Na extremidade desta linha está
penso, perfeitamente identificavel a obra (elefante branco) do Mj. ASS.
A mui célebre piscina do Lucusse (para melhor observação clicar na imagem)
Um dia em que a obra já ia algo avançada, deu um ar de graça
ao tentar sugerir que … nem sei!...
Talvez sugerir que lhe estava escrito no destino, uma vez
que invocou uma frase de Pessoa: “Deus quer, o homem imagina, a obra nasce”.
Fiquei siderado.
É sabido que esta obra megalómana – uma vez concluída dava
para albergar em simultâneo todo o pessoal da CCS – começou por ser uma
proposta de voluntariado e poucos dias decorridos passou a trabalho por escala.
Teve um gast
o enorme de cimento que poderia, caso tivesse
optado por uma geometria mais modesta, ter sido utilizado em melhoramento das
instalações militares ou do bem estar dos residentes na sanzala.
Uma vez carregada com água, revelaram-se fugas várias; nunca
chegaram a ficsr totalmente controladas.
Procurei nos meus arquivos uma fotografia que desse ideia da
dimensão da dita piscina, mas só encontrei uma em que o campo estará reduzido a
talvez 1/6 do que era a realidade.
Mas, tem um mérito, e por isso vai aqui ficar; testemunha uma
das primeiras lições de natação que ali tiveram lugar.
Compenetrado o (à data) Furriel MO (de t-shirt preta), observa e tenta executar em seco a técnica natatória, demonstrada pelo esforçado instrutor.
Azevedo