O filme MASH
(acrónimo de Mobile Army Surgical Hospital), de R. Altman foi estreado em
Portugal nos finais de 1974. Quando regressei da ZMAngola, em finais de
Setembro deste ano, agarrei a oportunidade de rever o que me tinha ficado
registado de forma indelével do filme que tivera oportunidade de visionar fora
de portas em 71; rever as interpretações do naipe de bons actores: dos
impagáveis Duke, Hawkeye e Trapper, do desconcertante Radar e da sedutora
Hot-Lips.
Um primor de
anti-militarismo, em que sobre cenários da guerra da Coreia, se criticava a
guerra de Vietname; uma sátira, mas também uma mensagem tão poderosa quanto a
que ainda iria descobrir, algum tempo depois, no primeiro visionamento do filme
de Sidney Lumet, A Colina Maldita (the Hill).
As mensagens
de MASH, iriam ter uma quota parte de influência na minha travessia dos anos
72-74.
Desde muito
cedo constatei que um dos quadros do BArt reunia um conjunto de características
negativas que amiúde me obrigava a compara-las com estereótipos da obra
inspiradora de Richard Hooke.
E, a breve
trecho, foi só juntar letras e saiu: ASS
Há dias
passei minutos de sorriso alargado com recordações esparsas de algumas das
situações em que esteve envolvido e que tive oportunidade de observar.
Participei numa das mais, sui generis; e recordo o exercicio de controlo que foi manter cara-de-pau, onde o cenário era mais para o hilariante
Participei numa das mais, sui generis; e recordo o exercicio de controlo que foi manter cara-de-pau, onde o cenário era mais para o hilariante
Passo então
à descrição dos antecedentes e da conclusão.
Estávamos
ainda no Lucusse; era uma tarde de ócio quente, como muitas outras em que o
pensamento perseguia tudo e nada. À falta de melhor, pareceu-me que era chegada
a altura de ensaiar uma velha brincadeira a que dava o título de molha-gatos; a
diversão ia consistir em colocar no bordo superior da porta de acesso às
instalações sanitárias dos oficiais subalternos, uma muito partilhada bacia de
plástico encarnada, carregada com 4 a 5 litros de água.
Decorria
daqui que o primeiro apressado e/ou desatento que quebrasse o equilíbrio
instável do sistema, levava com a carga líquida e logo de seguida com o
recipiente.
E, foram vários os que se envolveram na experiência como vítimas e diversas as exclamações, no mais puro vernáculo, que foram proferidas a horas e desoras
Não tardou que o conhecimento e as consequências da "armadilha" se tornassem conhecidas, como agora se diz, transversalmente.
E, foram vários os que se envolveram na experiência como vítimas e diversas as exclamações, no mais puro vernáculo, que foram proferidas a horas e desoras
Não tardou que o conhecimento e as consequências da "armadilha" se tornassem conhecidas, como agora se diz, transversalmente.
E também
"verticalmente", como se demonstra no episódio da armadilha accionada
pelo, à data, Mj ASS
Num belo fim
de tarde, em que tinha a "armadilha" montada, e estava à conversa no
que era pomposamente designado por bar de oficiais, entra o Mj ASS, que, poucos
minutos decorridos, se aproxima e sussurra que tem algo a dizer-me, porém
sujeito a confidencialidade. Deixo a cavaqueira e sigo-o até ao local para onde
se tinha encaminhado: o pequeno hall de entrada do JC, onde se iniciava o
corredor de acesso aos quartos dos subalternos, e ainda estava a porta que abria para as
instalações sanitárias.
Aí começa com uma conversa frouxa, sem nexo e a dar-me pequenos toques nos ombros. Constato que ele está a deslocar-se circularmente, obrigando-me a rodar para o enfrentar. Estranho o comportamento e, como o hall era mesmo pequeno, olho por cima do ombro para avaliar o espaço de manobra que tenho, sem correr o risco de ficar molhado.
Nesse preciso momento, percepciono um movimento abrupto de ataque, de que me esquivo rápido; o Mj. ASS, entra em desiquilíbrio, e de braços projectados para a frente, prossegue em direcção à porta "armadilhada".
Aí começa com uma conversa frouxa, sem nexo e a dar-me pequenos toques nos ombros. Constato que ele está a deslocar-se circularmente, obrigando-me a rodar para o enfrentar. Estranho o comportamento e, como o hall era mesmo pequeno, olho por cima do ombro para avaliar o espaço de manobra que tenho, sem correr o risco de ficar molhado.
Nesse preciso momento, percepciono um movimento abrupto de ataque, de que me esquivo rápido; o Mj. ASS, entra em desiquilíbrio, e de braços projectados para a frente, prossegue em direcção à porta "armadilhada".
A água cai
implacável e quase em simultâneo a bacia. Consigo escapar apenas com uma manga
da camisa meia molhada; ele apanhou bem mais. Porém há uma nota extemporânea,
um grito, não de desconforto, mas de dor aguda.
Recomponho-me
e vejo-o com o corpo ligeiramente dobrado, aos saltinhos, ombros comprimidos, a
mão esquerda no sovaco da direita, de esgares múltiplos no rosto ... e com a
ladainha ai, ai, ui, ui …
Havia razão
para tal; nos instantes subsequente à entrada em fase de desiquilíbrio,
tinha de passagem, conseguido enfiar a extremidade do dedo mínimo da mão
esquerda, no espaço entre o quadro da porta e o bordo desta.
Só me
restava uma opção, a de o responsabilizar pelo ataque e afirmar que nunca
esperaria que ele estivesse ali para me empurrar.
E o Mj. ASS
acedeu
No fim,
ainda teve sorte por a falangeta não ter sido castigada para além do limite
elástico; ficou-se por uma luxação simples se bem que, como se aceitará, muito
dolorosa
Nos dias que se seguiram vi-o por diversas vezes a tentar a avaliar o nível de recuperação da luxação.
Nos dias que se seguiram vi-o por diversas vezes a tentar a avaliar o nível de recuperação da luxação.
Nunca senti
remorsos; só me ocorria uma algo anarca e profunda reflexão: "ninguém te
mandou meter o dedo no cu da galinha".
Azevedo
Boa tarde, companheiro e amigo. Por momentos (os que me demorou a leitura) votei ao Lucusse !!! Que saudades !!! Um abraço grande e peço-te que continues a "verter" aqui as tuas memórias e recordações.
ResponderEliminarFeio
Li com gosto.
ResponderEliminarHenrique de Jesus CART3539