2013-09-24

M56 - Somos menos


Séneca afirmou que “toda a vida devemos aprender a morrer”
Porque a morte é um passo biológico natural e certo … mas também humanamente dolorosa
Porém, quando se morre e se deixa saudades, é de felicitar quem foi e quem fica, significando tal que a pessoa foi querida e útil.
Por circunstâncias várias o meu relacionamento com o Teixeira ficou limitado praticamente, aos idos de 72 a 74. 
Mas não esquecemos, não ignoramos os laços de companheirismo que permanecem no tempo e permitem que cada encontro com os camaradas, comece como se a última vez que nos tivéssemos visto, ocorresse na véspera.
É certo que a Natureza por vezes é algo cruel, nesses encontros dificultando por formas diversas o reconhecimento, ora alterando a acuidade visual, ora estragando a imagem para além do que julgávamos admissível, mas o que por aí na gíria se designa de coração, mantem viva a memória desses  tempos, em que os rapazes se fizeram homens e as amizades se definiram caldeadas por perigos, contrariedades e loucuras.
Ainda em Junho último, tive oportunidade de falar com o que, creio bem, foi o Amigo mais próximo do Teixeira nesse percurso.
Terá querido o acaso que ambos tivessem percorrido o calvário da formação de Operações Especiais, em Lamego e dai saíram guerreiros
O Teixeira fazia as honras ao crachá, era garboso com uns laivos de natural vaidade.
Singela é a minha memória mais sedimentada, que consagra este camarada, e que agora evoco.

Um dia eu vi estes guerreiros, entusiasmados como putos que estivessem a trocar cromos; putos esquecidos das horas, homens esquecidos das vicissitudes da guerra e despicientes da lei última da vida, a verbalizarem, exclusivamente no tempo que viria depois do termo da comissão,  como cada um iria ter o que naquele cu de judas eles consideravam o melhor compromisso de automóvel competitivo, um Simca Rally2.
Cumpriram a esperança. Um dia de passagem por Águeda tive oportunidade de os encontrar numa roda de camaradas; e quase de saída, o privilégio de fazer uma curta viagem no carro do Teixeira. O palco, foi um troço da actual IC2 (direcção sul norte), no tempo um pouco antes da entrada na curva grande que antecede o desvio para Aguada de Cima, e a deixa:  “vamos fazer a próxima a 140” ... um must de elegância e controlo de condução…

Apenas, sem mais…
A todos os que partilham saudades do Teixeira, o meu abraço de solidariedade.
Azevedo

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