M22 - F.E.P. Amigo e Camarada
Amigos, companheiros de armas,
Informação muito sentida.
O nosso muito estimado amigo, Alberto Sousa Vieira, Cabo Enfermeiro-Especialista, da cart3539, faleceu após doença prolongada.
Será sepultado no cemitério de SENDIM - Matosinhos. ás 15 horas de amanhã 29/MAIO.
Enorme amigo, sempre presente, sempre alegre, irei, iremos, sentir a sua falta
Henrique de Jesus
2012-05-28
2012-05-27
M21 - A maior desgraça de uma nação pobre
"A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza produz ricos.
Mas, ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chama-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que o tem. Porque na realidade o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. é o produto de roubo e de negociatas".
Mia Couto
Azevedo
"A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza produz ricos.
Mas, ricos sem riqueza.
Na realidade, melhor seria chama-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.
Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que o tem. Porque na realidade o dinheiro é que o tem a ele.
A verdade é esta: são demasiados pobres os nossos "ricos". Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. é o produto de roubo e de negociatas".
Mia Couto
Azevedo
M20 - SPT
A
Associação de Apoio aos ex-Combatentes Vitimas de Stress de Guerra (APOIAR),
está a desenvolver um inquérito, a nivel nacional, com o objectivo da avaliar
os conhecimentos e a informação que a população portuguesa tem sobre o stress
de guerra , quais os apoios existentes, qual o papel do Estado nesta temática. A tua opinião é fundamental, para melhorar o
trabalho e a intervenção que a APOIAR desenvolve, pelo que, pedimos a tua
colaboração
Podes
preencher o inquétrito no seguinte ligação
Reenvia
também a todos os teus contactos
APOIAR
– Associação de Apoio a ex-Combatentes Vitimas de Sress de Guerra
Rua
C, Lote 10, Loja 1.10 – Piso 1, Bairro da Liberdade 1070-023 Lisboa
Tel:
213 808 000 | Fax: 213 808 009 | e-Mail: apoiar.stressdeguerra@gmail.com
2012-05-26
M19 - O longo braço da PIDE
Conheci o
Luis na FCL, era ele na altura finalista do curso de matematica. Para além das
qualidades primordiais num espirito matemático, imaginação e força lógica tive a
oportunidade confirmar nele um excecional poder de abstração e a capacidade invulgar para entrar em profundas meditações; mas nos
intervalos o Luis era sempre o amigo que ajuda amigo, numa disponibilidade e
afabilidade impares.
Um dia, em que
como dizia, circulava na Duque de Loulé, em Lisboa, parou para ver passar uma
manifestação de universitários, em correria, à frente de uma carga da Policia de
Choque. Em circunstancias similares, parar era meio caminho para ser detido e
de facto, ele acabou em Caxias, depois de uma curta passagem pelo Governo Civil
Quem o conheceu, não pode deixar de sorrir, ao imaginar o que seria comportamento do Luis durante um interrogatório policial … e a reação dos esbirros.
O espirito
mesquinho impos-se e o Luis, então já licenciado em ciências matemáticas, viu-se num
ápice incorporado no exército, como soldado básico e com guia de marcha para
Angola
Foi assim que,
uma tarde no Luquembo, caio de espanto quando o vejo derreado pelo peso da mala, a percorrer a avenida principal.
Um abraço e
paramos no café para uma bebida. Peço a um camarada que regressa a quartel que
avise na oficina, para me virem buscar numa viatura ligeira. Seguimos e depois da
apresentação e de instalado, vamos conforme combinado jantar ao civil; com mais
camaradas, que decidem tomar a refeição
fora do quartel, somos cinco.
É um convivo
alegre e bem disposto, que se prolonga pela noite dentro.
No dia
seguinte, como quem não quer a coisa o Cmdt pede-me a confirmação do jantar de
véspera e começa um discurso divagante,“recomendando” que não insita em
«convivios” particularmente com o Luis, que de facto está de passagem; e que não menos
importante, estava sob a alçada da PIDE.
Nessa tarde
apanhou um boleia do civil, com destino a Malange.
Calha no dia
seguinte um grupo da ação psico social, a actuar num aldeamento próximo, comunicar que existe forte suspeita de estar
perante um possivel surto de paralisia infantil (PI).
Já passava
das 17 horas, estavamos naquela impasse de nada para fazer até à hora do jantar
e vai dai, sai a ambulância, Unimog 404; conduz o Sampaio (mecânico auto), ao
lado o médico Dr Peixoto e contando com este escriva estão ainda mais 3
alferes.
Chegados, o
médico confirma a suspeita de PI e estabelece um plano de contingência e no final ainda dá ainda uma consulta a uma
jovem parturiente em inicio do trabalho de parto, mas com prolapso de braço, pelo que
recomenda a evacuação para o hospital de Malange
A ambulância
segue então na hora, para Malange; a jovem deitada atrás na maca e no banco da frente, eu o Amaral e o Sampaio
Depois de uma
viagem mais ou menos acidentada, o que incluiu uma travessia noturna de uma linha
de água, em jangada, chegamos ao hospital; entregamos a parturiente e fomos em
busca de alojamento, quando já faltava um par de horas para nascer o sol.
Cerca das 11
horas, estavamos prontos para regressar, mas claro depois de um almoço reconfortante.
A caminho do restaurante descubro o Luis ... a circular e vamos todos para o rancho.
Almoço rápido,mas
selectivo; no final despedidas breves,
mas mais uma vez sentidas.
O regresso
por estradões já conhecidos e em razoável estado de conservação, permitiu-nos chegar ao Luquembo,
ainda dentro do horário de expediente, para justificar deslocações, os atrasos e assim.
No dia
seguinte, surpresa: ainda não eram
9h00m, já estavamos convocados para o gabinete do CMDt, que queria que lhe
confirmassemos que, contrariando ordens expressas, tinhamos almoçado com o Luis,
e ainda o nome dos oficiais que estavam à mesa (era o relatório pidesco na hora)
Lá tivemos
que efabular que o Luis já se encontrava no restaurante e que, na pressa, não dava para ir para outro, para além de que não tinhamos a certeza se a mesa do repasto era comum ou eram duas muito próximas.
Mais disse logo de rajada o
Amaral: “.. e o bufo que lhe disse do restaurante que lhe diga o nome dos oficiais”
Grande Amaral! pensei no meio do silêncio sepulcral que se seguiu; vi a coisa muito mal parada. Naquela
fase da comissão o Amaral, manhã muito cedo, já estava com carga para dizer coisas muito mais profundas. Inteligentemente, o Cmdt
deixou a conversa por ali. E ninguém lhe levou a mal, ou no seguimento passou a ter por ele menos consideração. Pelo contrário.
Mas mais
importante que refletir sobre o relacionamento hierárquico, é que esta colecção de pormenores, esta estória, demonstra quão extenso era o braço de PIDE.
E, se em
Angola pouco dela vimos, na prática ela estava lá, e vigiava, controlava e
torturava como cá. Tinha o cobertura da autoridade
militar, porque a vertente dita de recolha de informações que era assegurada lhe interessava; o ou os métodos nunca vi questionados de forma explicita.
Tentarei,
proximamente reportar outras situações destas natureza.
azevedo
2012-05-20
2012-05-19
M17 - Responsável pela incorporação a 2jun2012
Temos aqui o responsável maior pela nossa invasão do R.A.5 (ex-RAP2), quando raiar o dia 2jun2012.
A edição da fotografia, visa facilitar o reconhecimento do lider.
Perdoem-me um último esclarecimento: o ar blasé do Fontes é o perfeito contraponto do ar rejuvenescido do rodado do óbus, consequência do bom trabalho de restauro do Germano Neves e de pintores afoitos, penso que o Américo e um outro camarada do PelSap
Temos aqui o responsável maior pela nossa invasão do R.A.5 (ex-RAP2), quando raiar o dia 2jun2012.
A edição da fotografia, visa facilitar o reconhecimento do lider.
Perdoem-me um último esclarecimento: o ar blasé do Fontes é o perfeito contraponto do ar rejuvenescido do rodado do óbus, consequência do bom trabalho de restauro do Germano Neves e de pintores afoitos, penso que o Américo e um outro camarada do PelSap
azevedo
2012-05-17
M15 - HISTORIA
DO REGIMENTO DE ARTILHARIA DA SERRA DO PILAR
Primitivamente
monte da Meijoeira, ou serra de Quebantões,
a sua construção remonta ao ano de 1140, ordenada pelo Bispo do Porto D.
Robaldio, albergou até princípio do século XIV, o convento das Monjas Emparedadas,
com invocação a S. Nicolau.
Posteriormente
desabitado por falta de vocações femininas, que desejassem cumprir as cruciantes
penitências usadas nesta casa, foi-se degradando, sendo necessário efectuar grandes
obras de adaptação, para recolhimento dos Monges de Grijó, sendo a primeira
pedra destas obras, benzida em 28 de Dezembro de 1537 pelo bispo Baltasar
Limpo.
A
Igreja de arquitectura circular, única no País, (que parece, mas não é, Templária),
visitável pelo exterior, foi construída em 1678 e é dedicada a N. Snrª do
Pilar.
Militarmente,
este quartel, desempenhou importantes papeis.
Estrategicamente situado na margem
esquerda do Douro e sobre a cidade do Porto, aquando da guerra civil que opôs Liberais
e Miguelistas, apoiou D. Pedro IV, tendo ajudado os portuenses a resistirem ao
cerco do Porto, que durou mais de um ano.
Inúmeros
Gaienses, aliados de D. Pedro, comandados pelo General, José António Silva Torres
Ponce de Leon, defenderam este reduto, ganhando em 14 de Outubro de 1832 a 1ª
batalha sobre os Miguelistas, não tendo contudo impedido que a Igreja tenha
sido fortemente danificada pela artilharia inimiga.
O
quartel desempenhou também um forte e decisivo papel durante as invasões
francesas, albergando as tropas britânicas do general Arthur Wellesley, mais
tarde Duque de wellington, que aqui combateu as tropas francesas do general
Soult, obrigando-as a retirar para Espanha. A ajuda Britânica foi decisiva e de
primordial importância, sobretudo aquando do desastre da ponte das barcas, onde
apesar do seu apoio, perderam a vida mais de 4.000 portuenses.
Por
todos estes feitos, a cidade do Porto ficou conhecida como;
Antiga,
Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta.
Antiga;
porque já existia no tempo dos Celtas e portanto, já mesmo antes do Condado
Portucalense;
Mui
Nobre; porque os portuenses deram toda a carne dos seus
animais de pasto e criação, para alimento da marinhagem que partia nas naus e
caravelas, para as campanhas dos descobrimentos, e bem assim, embora noutra
fase, como já haviam feito, para alimento das tropas Afonsinas, que cercavam os
mouros em Lisboa, ficando apenas com as vísceras, com o que, as mulheres do
Porto, aprenderam a confeccionar as deliciosas tripas à moda do Porto, o que
lhes valeu o Muito Honroso nome de Tripeiros;
Sempre
Leal; porque quando da guerra civil, entre Liberais e
Miguelistas, o povo do Porto, nunca virou a casaca. Sempre apoiou D. Pedro IV. Foi
aliás em reconhecimento desta lealdade que D. Pedro, ofereceu o seu coração à
cidade, onde está depositado na Igreja da Lapa.
Invicta;
porque nunca foi vencida. A primeira vitória remonta ao tempo dos Celtas na
antiga Calle – hoje Porto, contra os romanos.
Fontes
Fontes
2012-05-14
M14 - Exilados em casa
Há uns 4 anos, um amigo da UNL,
ofereceu-me um paper do Centro de
Estudos de Etnologia, que abordava um tema que, dizia, me interessava; li e guardei-o, na convicção de que voltaria para novas leituras.
O que aconteceu mais ou menos recentemente, parecendo-me no final, que mereceria uma maior divulgação.
É uma reflexão interessante sobre as ideias força da representação colectiva nacional, no período da guerra colonial; e também sobre a estranheza dos veteranos em relação ao pais para o qual regressaram, no pós guerra.
É uma reflexão interessante sobre as ideias força da representação colectiva nacional, no período da guerra colonial; e também sobre a estranheza dos veteranos em relação ao pais para o qual regressaram, no pós guerra.
Mas, antes lê-lo … de
seu titulo: (clicar): Exilados em casa - os veteranos da guerra colonial e os limites da Nação
azevedo (deve ter instalado Adobe Reader)
azevedo (deve ter instalado Adobe Reader)
2012-05-13
M13 - Vi muita coisa
"Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terriveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio ... Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porquê, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro ... sobre a cadeira, ganha um volume impossivel, a nossa vida ... compreende? ... a nossa vida , a vida inteira, está ali como ... como um acontecimento excessivo ... Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e a violência da vida, para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E, então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois, por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstrações que servem para tudo. O cigarro consome-se , não é?, a calma volta. Mas pode imaginar o que seja isto todas as noites, durante semanas ou meses ou anos?!
Herbert Helder, Os Passos em Volta (2001)
Azevedo
"Se eu quisesse, enlouquecia. Sei uma quantidade de histórias terriveis. Vi muita coisa, contaram-me casos extraordinários, eu próprio ... Enfim, às vezes já não consigo arrumar tudo isso. Porquê, sabe?, acorda-se às quatro da manhã num quarto vazio, acende-se um cigarro ... sobre a cadeira, ganha um volume impossivel, a nossa vida ... compreende? ... a nossa vida , a vida inteira, está ali como ... como um acontecimento excessivo ... Tem de se arrumar muito depressa. Há felizmente o estilo. Não calcula o que seja? Vejamos: o estilo é um modo subtil de transferir a confusão e a violência da vida, para o plano mental de uma unidade de significação. Faço-me entender? Não? Bem, não aguentamos a desordem estuporada da vida. E, então pegamos nela, reduzimo-la a dois ou três tópicos que se equacionam. Depois, por meio de uma operação intelectual, dizemos que esses tópicos se encontram no tópico comum, suponhamos, do Amor ou da Morte. Percebe? Uma dessas abstrações que servem para tudo. O cigarro consome-se , não é?, a calma volta. Mas pode imaginar o que seja isto todas as noites, durante semanas ou meses ou anos?!
Herbert Helder, Os Passos em Volta (2001)
Azevedo
M12 - Hipogrifo
Apontamento sobre as múltiplas competências do grifo:
Um hipogrifo é uma criatura lendária, supostamente o fruto da união de um grifo e uma égua.
Como um grifo, ele tem cabeça de águia, patas munidas de garras e asas cobertas com penas, sendo o resto do corpo o de um cavalo.
Este estranho animal surge em várias obras:
é referido nas Lendas de Carlos Magno, de Thomas Bulfinch;
nos poemas de Orlando o Furioso, de Ludovico Ariosto;
na série de jogos Warcraft, surge como unidade voadora dos Night Elves, em Warcraft III, e como transporte de jogadores, em World Warcraft;
em vários livros da série Harry Potter;
ainda no filme Harry Potter e o Cálice de Fogo, surge o hipogrifo Buckbeak ou Bicuço, propriedade de Hagrid e amigo de Harry.
Já mais próximo de nós, um artista da areia, escolheu a figura do hipogrifo, para o trabalho que apresentou, em 2010, no Fiesa 2010, no Algarve, com o resultado final que atesta a figura seguinte
Um hipogrifo é uma criatura lendária, supostamente o fruto da união de um grifo e uma égua.
Como um grifo, ele tem cabeça de águia, patas munidas de garras e asas cobertas com penas, sendo o resto do corpo o de um cavalo.
Este estranho animal surge em várias obras:
é referido nas Lendas de Carlos Magno, de Thomas Bulfinch;
nos poemas de Orlando o Furioso, de Ludovico Ariosto;
na série de jogos Warcraft, surge como unidade voadora dos Night Elves, em Warcraft III, e como transporte de jogadores, em World Warcraft;
em vários livros da série Harry Potter;
ainda no filme Harry Potter e o Cálice de Fogo, surge o hipogrifo Buckbeak ou Bicuço, propriedade de Hagrid e amigo de Harry.
Já mais próximo de nós, um artista da areia, escolheu a figura do hipogrifo, para o trabalho que apresentou, em 2010, no Fiesa 2010, no Algarve, com o resultado final que atesta a figura seguinte
[Amabilidade
do blog umraiodeluzefezseluz.blogspot, projecto do António Manuel Santos (veterano da Guiné)]
Azevedo
2012-05-10
M11 - A um grande Amigo
"Meu grande
sacana que partiste sem avisar"
Falavamos
assim desbragadamente, sempre que não havia
ouvidos de terceiros que se atrevessem a
concluir que havia menos respeito.
Não vai
voltar a acontecer. Um dos porventura,
mais simples e humilde dos nossos verdadeiros amigos, deixou-nos em janeiro passado. Soube
há algumas horas, através de uma mensagem do Fontes.
Conhecemos-te,
como ser humano, exemplo de paciência, disponibilidade e joviabilidade; por
vezes abusamos da tua quase ingenuidade.
Acima de tudo, acredito que a jornada de África, ajudou a caldear a tua autenticidade, expressão última de um ser humano, em busca do
justo equilibrio entre qualidades e defeitos,
e que, como afirmavas, tentava cumprir
Depois de
Angola, falamos pouquissinmas vezes
Talvez na
primeira que nos encontramos, louvei-te
no cumprimento, a mão firme e calejada; disseste com orgulho que estavas a
ajudar os teus velhotes, a fabricar a terra.
Com os anos a
passar, fui sabendo de ti, nos encontros, em que foste sempre recordado
com amizade e saudade
Um dia, confirmaram-me a grande opção da tua vida, a de não fugir de uma paixão. De um
turbilhão, que se adivinhava, de emoções indomáveis e terrenas, das que
resgatam o brilho dos olhos, sorrisos e soluços. Opção segura e convicta, terá sido, companheiro.
Neste momento
de grande mágoa, recordo ainda e mais uma vez, a noite de 6 de maio de 74, em
que estivemos no Luando, quando da emboscada que, horas antes tinha ceifado a
vida de 8 camaradas. Noite em que voltamos a estar de acordo, em como a maior perda na vida, é o que deixamos
morrer dentro de nós; noite avançada, e essa perda
estava lá, teimando em instalar-se, e
sem o dizer, tentamos fazer da resignação força.
E, com outros
camaradas, fomos afogando as mágoas, até de manhã.
As palavras nunca poderão exprimir completamente um pensamento, e desta vez tu, Domingos Cruz, és
o culpado. Acredito.
Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada
(Fernando Pessoa)
(da esqª p/ a dirª) Valério, Torres, Azevedo, Gonçalves e Cruz
Azevedo
2012-05-09
2012-05-07
M9 - Guerra - Paz
O pressuposto em que assenta o
livro de Slavoj Zizek, “Viver no Fim dos Tempos”, é (e cito pg12): “ o
sistema capitalista global aproxima-se de um ponto-zero apocaliptico. Os nossos
“quatro cavaleiros do Apocalipse” são, respectivamente, a crise ecológica, as
consequências da revolução bioenergéticas, os desiquilibrios internos do
próprio sistema (problemas suscitados pela propriedade intelectual, os
conflitos vindouros em torno das matérias primas , dos recursos alimentares e
da água) e o aumento explosivo das divisões e exclusão sociais”.
Ultrapassado, este ponto
zero, podemos começar a entender a crise como uma opoortunidade para um novo
começo
Aqui, hoje e para já, “somos a
memória que temos, e essa é a história que contamos” (Saramago)
Para a Nação dos Veteranos,
começa a ser premente partilhar esta memória,.
Trago na minha, desde o Natal
de 2011, o registo do final da negociação, na FNAC, entre dois jovens, com a
decisão de comprar a caixa de DVDs, com o titulo de Guerra, do Ultramar/Colonial/de
Libertação, de J.Furtado; disse um deles: “vai esta caixa, porque, também lá em
casa, ninguém fala e isto vai dar para ficar a saber umas coisas”.
Isto reflete que algures, há
uma memória não partilhada.
Por isso, leio respeitosamente
o site do Luis Graça & camaradas da Guiné, indubitavelmente o maior
repositório de “ narrativas, histórias, estórias, documentos, relatórios,
fotos, vídeos … relacionados com a nossa vivência comum, a guerra, de que
fomos actores e vítimas, protagonistas e testemunhas”, como se afirma na
declaração editorial de principios
Ontem, reli vezes sem conta o
post 9855, até me encontrar com o titulo deste escrito. Não terá sido por
acaso. O binómio Guerra-Paz figura no titulo do épico de Tolstoi : Guerra e Paz
(1869)
Mas há mais, no que me fez a chamada
ao titulo: Tolstoi repudiava todos os que fingiam que a história era produto de
grandes homens e das suas decisões. Nas descrições que fez, a vida real era, é
demasiado complexa e acidental, para ser controlada pelos que estão no topo; os
que estão na base da piramede, é que fazem a história, mesmo que não tenham
disso consciência.
Perdoem-me a extensão da prosa,
mas não posso deixar de o fazer, para relevar o conteudo do já referido post
9855
O que se transcreve, é sublime; e,sorte a do camarada José Teixeira.
Leiam então, por favor, o que
respiguei do Post 9855 no blog de Luis Graça & camaradas da Guiné: [http://www.blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/]
“O nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da
CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70) reencaminhou-nos esta
mensagem do seu filho
Tiago, médico, que está na Guiné-Bissau
em missão humanitária a trabalhar no Hospital de Cumura:
"Eras
meu camarada, que é uma palavra que só quem esteve na guerra compreende
inteiramente o sentido: não é bem irmão, não é bem amigo, não é bem
companheiro, não é bem cúmplice, é uma mistura de tudo isto com raiva e
esperança e desespero e medo e alegria e revolta e coragem e indignação e
espanto, é uma mistura de tudo isto com lágrimas escondidas" in “Quarto
Livro de Crónicas” de António Lobo Antunes
Hoje de tarde fui ao cemitério de Bissau, onde estão sepultados
camaradas de armas do meu pai, do tempo da guerra colonial...
Conheço todas as histórias das granadas que rebentaram com a vida
daqueles jovens, e dos estilhaços que ainda hoje continuam nos seus corações...
tudo isto a preto e branco, num álbum de memorias que em família desfolhávamos
amiúde...
Não sei bem explicar porque sinto que isto é um regresso... Na verdade,
nunca cá estive. Acho que é um regresso em nome do meu pai, da sua fidelidade a
esta terra e a esta gente, que o marcaram para a vida, que me marcaram para a
vida... Como se um linha filial marcasse estes quarenta anos de tempo, e que o
meu regresso fosse o cumprir de uma tal promessa de fidelidade...
Ass.”
azevedo
2012-05-05
M8 - Somos a memória que temos
“Contamos histórias, pois claro. Contamos a nossa propria
história, não a da vida, não a biográfica, mas essa outra que, em nosso
próprio nome, dificilmente teriamos a coragem de contar, não por dela nos
envergonharmos, mas porque o que há de grande no ser humano é grande de mais
para caber em palavras, e aquilo em que somos geralmente pequenos e mesquinhos
é a tal ponto quotidiano e comum que não levaria qualquer novidade a esse outro
grande e pequeno que é o leitor. Talvez por tudo isto alguns autores entre os
quais me incluo, favoreçam, nas histórias que contam, não a história dos que
vivem e vêem viver, mas a história da sua própria memória. Somos a memória que
temos, e essa é a história que contamos”.
José Saramago
2012-05-04
2012-05-03
2012-05-02
2012-05-01
Subscrever:
Mensagens (Atom)