M9 - Guerra - Paz
O pressuposto em que assenta o
livro de Slavoj Zizek, “Viver no Fim dos Tempos”, é (e cito pg12): “ o
sistema capitalista global aproxima-se de um ponto-zero apocaliptico. Os nossos
“quatro cavaleiros do Apocalipse” são, respectivamente, a crise ecológica, as
consequências da revolução bioenergéticas, os desiquilibrios internos do
próprio sistema (problemas suscitados pela propriedade intelectual, os
conflitos vindouros em torno das matérias primas , dos recursos alimentares e
da água) e o aumento explosivo das divisões e exclusão sociais”.
Ultrapassado, este ponto
zero, podemos começar a entender a crise como uma opoortunidade para um novo
começo
Aqui, hoje e para já, “somos a
memória que temos, e essa é a história que contamos” (Saramago)
Para a Nação dos Veteranos,
começa a ser premente partilhar esta memória,.
Trago na minha, desde o Natal
de 2011, o registo do final da negociação, na FNAC, entre dois jovens, com a
decisão de comprar a caixa de DVDs, com o titulo de Guerra, do Ultramar/Colonial/de
Libertação, de J.Furtado; disse um deles: “vai esta caixa, porque, também lá em
casa, ninguém fala e isto vai dar para ficar a saber umas coisas”.
Isto reflete que algures, há
uma memória não partilhada.
Por isso, leio respeitosamente
o site do Luis Graça & camaradas da Guiné, indubitavelmente o maior
repositório de “ narrativas, histórias, estórias, documentos, relatórios,
fotos, vídeos … relacionados com a nossa vivência comum, a guerra, de que
fomos actores e vítimas, protagonistas e testemunhas”, como se afirma na
declaração editorial de principios
Ontem, reli vezes sem conta o
post 9855, até me encontrar com o titulo deste escrito. Não terá sido por
acaso. O binómio Guerra-Paz figura no titulo do épico de Tolstoi : Guerra e Paz
(1869)
Mas há mais, no que me fez a chamada
ao titulo: Tolstoi repudiava todos os que fingiam que a história era produto de
grandes homens e das suas decisões. Nas descrições que fez, a vida real era, é
demasiado complexa e acidental, para ser controlada pelos que estão no topo; os
que estão na base da piramede, é que fazem a história, mesmo que não tenham
disso consciência.
Perdoem-me a extensão da prosa,
mas não posso deixar de o fazer, para relevar o conteudo do já referido post
9855
O que se transcreve, é sublime; e,sorte a do camarada José Teixeira.
Leiam então, por favor, o que
respiguei do Post 9855 no blog de Luis Graça & camaradas da Guiné: [http://www.blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/]
“O nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da
CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70) reencaminhou-nos esta
mensagem do seu filho
Tiago, médico, que está na Guiné-Bissau
em missão humanitária a trabalhar no Hospital de Cumura:
"Eras
meu camarada, que é uma palavra que só quem esteve na guerra compreende
inteiramente o sentido: não é bem irmão, não é bem amigo, não é bem
companheiro, não é bem cúmplice, é uma mistura de tudo isto com raiva e
esperança e desespero e medo e alegria e revolta e coragem e indignação e
espanto, é uma mistura de tudo isto com lágrimas escondidas" in “Quarto
Livro de Crónicas” de António Lobo Antunes
Hoje de tarde fui ao cemitério de Bissau, onde estão sepultados
camaradas de armas do meu pai, do tempo da guerra colonial...
Conheço todas as histórias das granadas que rebentaram com a vida
daqueles jovens, e dos estilhaços que ainda hoje continuam nos seus corações...
tudo isto a preto e branco, num álbum de memorias que em família desfolhávamos
amiúde...
Não sei bem explicar porque sinto que isto é um regresso... Na verdade,
nunca cá estive. Acho que é um regresso em nome do meu pai, da sua fidelidade a
esta terra e a esta gente, que o marcaram para a vida, que me marcaram para a
vida... Como se um linha filial marcasse estes quarenta anos de tempo, e que o
meu regresso fosse o cumprir de uma tal promessa de fidelidade...
Ass.”
azevedo
Os meus parabéns sentidos aos impulsionadores deste grande blogue da "família do BART. 3881".
ResponderEliminarEspero,sinceramente, que tenha uma grande participação de todos os "intervenientes" e que cresça, como uma bola de neve.
Um abraço grande,
Rui Bacelar
Sempre a considerá-lo meu amigo e agradeço a visita
ResponderEliminarlogo que tivermos melhor controlo da situação coloca-se o teu blog como referência obrigatória a visitar; muitos e bons trabalhos de promoção da terra que estimas e nivel estético invulgar
azevedo
Um dia tenho de descobrir este autor.
ResponderEliminarjosé ferreira