"Meu grande
sacana que partiste sem avisar"
Falavamos
assim desbragadamente, sempre que não havia
ouvidos de terceiros que se atrevessem a
concluir que havia menos respeito.
Não vai
voltar a acontecer. Um dos porventura,
mais simples e humilde dos nossos verdadeiros amigos, deixou-nos em janeiro passado. Soube
há algumas horas, através de uma mensagem do Fontes.
Conhecemos-te,
como ser humano, exemplo de paciência, disponibilidade e joviabilidade; por
vezes abusamos da tua quase ingenuidade.
Acima de tudo, acredito que a jornada de África, ajudou a caldear a tua autenticidade, expressão última de um ser humano, em busca do
justo equilibrio entre qualidades e defeitos,
e que, como afirmavas, tentava cumprir
Depois de
Angola, falamos pouquissinmas vezes
Talvez na
primeira que nos encontramos, louvei-te
no cumprimento, a mão firme e calejada; disseste com orgulho que estavas a
ajudar os teus velhotes, a fabricar a terra.
Com os anos a
passar, fui sabendo de ti, nos encontros, em que foste sempre recordado
com amizade e saudade
Um dia, confirmaram-me a grande opção da tua vida, a de não fugir de uma paixão. De um
turbilhão, que se adivinhava, de emoções indomáveis e terrenas, das que
resgatam o brilho dos olhos, sorrisos e soluços. Opção segura e convicta, terá sido, companheiro.
Neste momento
de grande mágoa, recordo ainda e mais uma vez, a noite de 6 de maio de 74, em
que estivemos no Luando, quando da emboscada que, horas antes tinha ceifado a
vida de 8 camaradas. Noite em que voltamos a estar de acordo, em como a maior perda na vida, é o que deixamos
morrer dentro de nós; noite avançada, e essa perda
estava lá, teimando em instalar-se, e
sem o dizer, tentamos fazer da resignação força.
E, com outros
camaradas, fomos afogando as mágoas, até de manhã.
As palavras nunca poderão exprimir completamente um pensamento, e desta vez tu, Domingos Cruz, és
o culpado. Acredito.
Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada
(Fernando Pessoa)
(da esqª p/ a dirª) Valério, Torres, Azevedo, Gonçalves e Cruz
Azevedo
Era um bom homem. Paz à sua alma. Fontes
ResponderEliminarO Cruz encontreio-o umas duas vezes nos nossos almoços de convívio.
ResponderEliminarNo primeiro encontro da companhia estava com a esposa e com um menino e uma menina, creio.
Foi aí que tive conhecimento que tinha casado.
Da outra vêz creio que foi em Guimarães.
Admirei nele a postura muito simples e anónima que teve quando assistiamos à missa.
Pensei eu: antes estavas ali na zona de celebração, agora está aqui misturado com a assembleia, mas continuas a ser o mesmo HOMEM.
CRUZ!!! Enquanto eu cá andar continuas a viver ... em mim, assim acontecerá em cada um de nós.
Até já.
jose ferreira